A Agenda do Severo

No inverno de 2012 liguei pro Severo. Queria convidá-lo para escrever a orelha do livro Cenas Urbanas e Outras Nem Tanto que eu estava por lançar  em outubro. Sabendo que o cara era multitarefas, comecei a conversa pelas beiradas temerosa de que ele dissesse que ficava muito honrado, mas infelizmente não tinha agenda, etc etc, como fazem os consagrados com os ilustres desconhecidos. Já ouvi cada uma!

Perguntei como ele estava, estava ótimo! Como sempre. Perguntei sobre a Preta e a filharada, todos bem, felizmente! Com a respiração em suspenso perguntei pelo trabalho: – A agenda tá frenética, mana!  Pudera! Dali a um mês ele faria oitenta anos e veria lançado o livro da Ana Lavrati sobre a sua inspiradora trajetória num misto de festa de aniversário e noite de autógrafos onde teve de tudo, inclusive um revival do Ponto de Encontro, o seu consagrado programa de rádio. Uma festança!

Me esforcei para parecer descolada: – Puxa, que pena! Quer dizer: que bom pra ti, que pena pra mim! -, mal disfarçando a frustração. Ele quis saber a razão. Falei que estava por lançar um livro de crônicas e que gostaria que ele escrevesse a orelha e coisa e tal, mas que entendia que ele não tinha tempo, claro! Ele ficou todo feliz, disse que tinha tempo sim, e que o faria com muito prazer. Pediu que eu enviasse os originais para leitura e dias depois me enviou o seguinte texto:

Crônica, a Poesia Nossa de Cada Dia

Insensato o coração que se deixa envolver pelo fascínio de classificar aventuras, anseios e paixões em termos de registros históricos ou de clássica objetividade protocolar.

Sentimentos, paixão, dor de cotovelo – seja lá o que for, por mais pobre que seja – tem que ser singelo, graciosamente sutil. Porque assim é a linguagem da crônica, assim é o cronista, assim é que se ama o que é essencial.

(…)

Antunes Severo

Editor do site Caros Ouvintes

E mais não digo para não incorrer na soberba que eu sei que é pecado e o meu balaio já tá quase cheio. Só digo que aquela noite fui dormir toda, toda! E assim eu fico toda vez que lembro da sua preciosa amizade e a daquela família.

Sô fraca?

Severo, Fátima e Tonhão _MG_3177Severo, Fátima Barreto e Antônio Michels no lançamento do livro Cenas Urbanas e Outras Nem Tanto. Infelizmente a única foto dele no evento. Foi até lá, só  uma passadinha, o tempo de um abraço, porque tinha um compromisso junto com a Pretinha. A cara da Fátima define a nossa alegria.

 

 

 

Deixe um comentário