Quem gosta de migalhas é pombo e peixinho de aquário. Não sou nem uma coisa e nem outra. Sou uma mulher faminta. Da Vida eu quero é a torta inteira.
*Imagem capturada na Internet.
Quem gosta de migalhas é pombo e peixinho de aquário. Não sou nem uma coisa e nem outra. Sou uma mulher faminta. Da Vida eu quero é a torta inteira.
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Na roda do bar o assunto é o Amor. As pessoas são provocadas a defini-lo. As respostas vão dos habituais clichês aos mais desarrazoados discursos de desapego e as inevitáveis soluções “da hora” que envolvem um misto de niilismo com pitadas de canalhice. O debate é acalorado. Quando chega a minha vez, eu digo: – Não sei. O que é eu não sei. Sei o que ele faz. – E o que ele faz? Alguém pergunta. – O Amor desarranja tudo o que está ordenado e depois dispõe da tua vida como melhor ou pior lhe aprouver. Todos concordam. A discussão acaba. Eu chamo um táxi.
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Poeta não conta quantas “Velinhas apagou” nem quantas “Primaveras” já viveu. Poeta vive na dimensão e no tempo das batidas do seu coração. Assim sendo, sou ao menos nove meses mais velha do que diz minha carteira de identidade.
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De repente, um rosto.
Saio do Pilates atrasada para um almoço à convite da Filha. Esbaforida – é o tempo de um rápido banho e uma breve montagem, tipo tudo preto com bota preta -, abro a porta e dou de cara com um neto que “mora longe” no meio da minha sala. Assim. Sem aviso. Sem preparo emocional. Antes da explosão de alegria – o almoço era mentira -, a bronca nos filhos que urdiram a surpresa, mancomunados: – Vocês querem me matar do coração? E eu lá ensinei vocês a mentir? – Isso a gente aprende sozinho, mãe!, diz o pai da criança.
Os planos mudam de bateção de perna no shopping para bateção de perna no sítio, o que implica em dar comida pra galinha, correr de ganso no pasto, levar rasante de borboleta, apontar passarinho no céu, pisar em bosta de vaca, tomar café coado e comer cuca de banana. Se tudo isso já é bom sozinho, imagina com família, imagina com neto.
No retorno para casa, o Neto, aceso, tira uma meleca do nariz e a passa no banco da frente. A meleca volta no seu dedinho gordo. Eu digo: – Não é aí, querido. É aqui, ó! (apontando a base da sua cadeirinha). A Tia Dinda, metida onde não é chamada e esquecendo que teve infância: – Olha o que a tua mãe tá ensinando pro teu filho, JP!!!! Ensinando a botar meleca debaixo do banco!
Respondi: – Vó tem que ensinar a fazer a coisa certa!
O Neto aprendeu.
Descuidos, desilusões, desassossegos, desânimos, desencantos, desesperanças, desamores. Ando deslembrando de muita coisa.
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Fui molhar minhas plantinhas. Nove graus na varanda. Doze dentro de casa. Não tive coragem. Amornei uma águinha. Tadinhas! (Um risinho de contentamento brotou das Flores de Maio).
Foto: Tarcísio Mattos
A amiga me liga. Conversa vai, conversa vem, eu pergunto: – Como passaste o Dia dos Namorados? Ela diz: – Foi uma loucura, guria! Não comi uma folha de alface! Foi um festival de carboidrato! Enchi a cara de lasanha, refrigerante, batata frita e bolo. E, pra encerrar com chave de ouro, acabei de pedir uma pizza! Tô que não fecho a tira do roupão. N’tem namorado mesmo!!!
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“
Toda vez que ela entrava na sala de reunião ele assoviava aquela música. Certo dia o Sr. Tímido foi promovido a gerente. A filial ficava em outro estado da Federação. Só então a Srtª Solitária, sobrenome Distraída, entendeu a mensagem. E sentiu falta.
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Antes da cirurgia ela abasteceu a geladeira, pagou antecipadamente todas as contas, tentou prever todas as necessidades da casa. Tudo para não precisar botar o pé na rua até a cicatrização da papada, o desinchume da boca e o sumiço do arroxeado dos olhos. Sair de casa só para o inevitável e indispensável retorno médico.
Mas, sabe aquela pessoa que está sempre arrumada, bem penteada, sempre cheirosa, e num determinado dia, um único e fatídico dia em que ela está com quatro dedos de cabelo sem tinta ou com o esmalte lascado, aquele dia em que a pessoa enche a cara de alface e depois descobre que deixou o fio dental na outra bolsa, sabe aquela manhã em que a mulher acorda se achando magra e tem a infeliz ideia de sair de vestido curto e não percebe que a meia está com o fio corrido, sabe quando a pessoa resolve espremer aquela espinha interna que brotou no meio da testa um dia antes da festa, aquele único e amaldiçoado dia em que algo assim acontece e a pessoa vira uma esquina e dá de cara com o ex ou com uma amiga falsa? Então.
Vamos ser sinceros: amiga falsa é pior do que inimiga; pior que ex também. Porque esses a gente disfarça, mexe no celular, vira a cara, faz de conta que não viu. Amiga falsa não dá. A gente faz que não vê; ela chama o nome da gente. A pessoa faz que não ouve; ela chama mais alto. Pois foi ela sair do consultório e dar de cara com uma dessas na porta do elevador:
– Fizesse plástica!!!!
Ela respirou fundo e fez que não.
A Outra: – Já sei! Fosse atropelada!
Ela disse não.
-Apanhasse da polícia!
Ela: – Que nada, guria! Sexo selvagem! Namorado novo, sabe como é.
A Outra se roendo de ódio, respondeu:
– Nossa, mas que estrago, hein?
– Isso é porque tu não visse a cara dele como ficou!
Antes de entrar no carro ela ainda gritou:
– Aparece lá em casa!
Imagem: Beleza: Débito ou Crédito? Colagem da autora.
Texto: Colaboração do Dr. L.C.J
Do quarto, o filho envia uma mensagem:
– Meus brioches, minha salada de frutas e meu chá de hibisco já estão prontos?
Diz a Mãe:
– A farinha de trigo tá no armário. As fruta tá na fruteira. O hibisco tá nos pote. Eu tô indo pro Pilates.
Caindo de sono, ensaboe a cafeteira à noite, antes de ir para a cama. No dia seguinte faça o seu café normalmente. Receita testada.