Bença, Mãe!

Hoje eu teria cortado seus cabelos, colocado bobes para deixá-los bem cacheados como nós gostamos, ela e eu. Após o banho ela escolheria a roupa que iria usar. Nada de dois tons da mesma cor e muito menos estampa com estampa. Escolheria a écharpe de seda combinando e, por cima de tudo, o casaco novo que haveria de ganhar de presente. E perfume, claro, pois Vó tem que ser cheirosa.

O barulho de panelas na cozinha denunciaria a intensa atividade e, à essa altura, a casa já estaria rescendendo a comida no forno como nos almoços de antigamente. O cardápio poderia ser resumido como “Comida da Mãe”, mantido à risca: carne assada de panela, galinha assada, farofa, maionese caseira, arroz, legumes, salada de folhas e molho. De sobremesa, o famoso Pudim de Leite da Vó Lelé que a gente em vão tentaria imitar.

– Tá igual ao seu, Mãe? Ela: É… (com um meneio da cabeça). 

Logo chegariam os outros filhos com coloridos pacotes e os netos que moram perto. A casa, em geral silenciosa, assumiria o converseiro próprio das reuniões familiares, todo mundo falando ao mesmo tempo. Ela quietinha. O neto que mora longe enviaria flores e ligaria mais tarde. Até que todos chegassem ela esperaria ansiosa, a cadeira de rodas transitando entre a cozinha e a sala de televisão. – Anaa! Quero ir pra cozinha! – Noorma! Quero ir pra sala!

Mas hoje não há cabelos no chão do quarto, nem roupas à espera sobre a cama. Não há bateção de panelas na cozinha e nem cheiro bom de comida pela casa. A casa está vazia. D. Aurelina, a Vó Lelé, não está.

É meu primeiro Dia das Mães sem ela e, finalmente, estou chorando a sua morte.

Bença, Mãe! 

Família

A Rainha do Lar

*baseado em fatos reais

Finalmente ela se convenceu de que a moça não viria mais. Para ela, o pior de ficar sem empregada não era fazer todo o serviço; era agüentar as reclamações: – Coooomo, não tem cueca limpa?! Eu tô usando a mesma cueca há três dias!  – O feijão tá mal cozido.  – Na casa da minha mãe isso nunca aconteceu, e olha que ela tinha seis filhos pra criar!

 Aquilo foi a gota d’água! Ela podia suportar tudo, mas comparação com a mamãezinha aí já era demais.  – Olha aqui, meu bem. Cada um tem suas prendas. O feijão da tua mãe pode ser melhor do que o meu, mas eu te dou umas coisinhas que ela nunca te deu! Então, não incomoda!

Estava assim, explodindo por qualquer coisa quando alguém disse que conhecia uma moça que estava precisando de emprego. Ao telefone, a moça não demonstrou muito entusiasmo. Ressabiada, mas decidida a não deixar passar aquele cavalo encilhado, ela fez poucas perguntas cuidando para não espantar a candidata. Bastava que a moça tivesse experiência. A moça disse:  – Experiência eu tenho. Só não sei passá rôpa e não posso lidá com Omo nem com detergente porque me dá unhero. Não posso barrê a casa e nem tirá pó. No chão eu só passo pano molhado. E também não mexo nem com alho nem cebola porque me dá “bolde espirro”. E, se a gente se acertá, na outra semana eu preciso de cinco dias de folga porque eu vou viajar pra ver a minha mãe.

Tá. Tu começas pelas férias, não varres, não lavas, não passas e não cozinhas. Tu fazes o quê, minha filha?

– Eu faço o resto!  A moça respondeu aparentando surpresa.

– O resto pode deixar que eu mesma faço! E bateu o telefone na cara da  encostada.

Um mês depois alguém ligou dizendo que a vizinha da prima ou a prima da vizinha, ela não entendeu muito bem, estava à procura de emprego. A pessoa ficou de encaminhar a moça já no dia seguinte.  As oito em ponto, a campainha tocou. Ela pensou: – Essa é das boas! A moça era muito alta, tinha olhos muito verdes e o cabelo muito loiro, natural, coisa rara hoje em dia. Antes que a patroa pudesse abrir a boca, foi a moça que começou a entrevista. Num átimo, ela, de patroa, passou a candidata a patroa.

  – Tem criança na casa? 

– Tem. Eu tenho três filhos e um cachorro. Disse ela entrando no jogo.

Eu vou logo avisando: eu não cuido de criança e nem de cachorro.

– Dos meus filhos cuido eu e do cachorro cuidam as crianças.
– Tem máquina de lavar roupa?
– Tem. De lavar roupa e de lavar louça, secadora e aspirador de pó, espanador, vassoura, enceradeira e rodinho.
– Eu chego as oito e saio às quatro; não venho no sábado e só trabalho se for pelo salário com todos os direitos. Tudo bem?
– Tudo bem. Mas eu não vou querer os teus serviços não, querida.
– Mas a senhora não tá precisando?
– Tá eu tô. Mas aqui em casa só tem vaga para empregada doméstica, minha filha. A vaga de Rainha do Lar já foi preenchida!

Dito isso fechou a porta e foi tratar da vida que o filho caçula já estava gritando: – Manhêêêê, termineeeei. Vem me limpáááá…

E a gente ainda acha a vida monótona, às vezes.

(por essa luz que me alumia!)


 

A Batedeira, O Liquidificador, o Radinho de Pilha

Num tempo em que eletrodoméstico era algo incomum e caro, o Fernando enchia a Gika de novidade. Nas datas comemorativas ele não trazia flor, nem caixa de sabonete, nem corrente com medalhinha, nem corte de fazenda, nem cartão com poesia. Trazia liquidificador, batedeira, enceradeira, panela de pressão.  Isso de ônibus.  Na vizinhança, era tido como um excelente partido apesar do noivado interminável. Interpelado, ele dizia que só casava depois de montar a casa toda, pois queria dar à noiva o de bom e o de melhor.

Nos dias comuns, caminhava alheado carregando um radinho de pilha ligado em bom volume. Radinho é maneira de dizer, pois rádio portátil naquele tempo tinha quase o tamanho de uma TV de doze polegadas. As más línguas o chamavam de exibido, caipira, o que, a bem da verdade, era uma injustiça. O Fernando era é moderno. Fosse hoje, diriam que era um apaixonado por tecnologia.

A família da Gika fazia gosto. Principalmente a futura sogra que bem sabia o que é lavar, passar e cozinhar para uma família. O que incomodava eram as brigas. O Fernando era de lua. Quando estava bem era um doce de coco, mas quando estava mal, era o cão!

Quando eles brigavam, a vizinhança logo ficava sabendo, pois lá descia o Fernando com a caixa do liquidificador debaixo do braço. As pessoas riam e já ficavam esperando pelos desdobramentos. No dia seguinte, e nos demais, ele viria buscar o resto. Uma caixa por dia.

Nessas idas e vindas acontecia um olhar de lado, um suspiro, a Gika chorava – o Fernando não aguentava ver a Gika chorar! – seguia-se um pedido de desculpas e depois a promessa de que não brigariam nunca mais… Podia contar: no dia seguinte lá vinha o Fernando subindo a rua com o liquidificador debaixo do braço. Nos dias subseqüentes traria o resto. Uma caixa por dia.

Acabaram casando, pois a Gika apareceu grávida e naquele tempo era assim: fez mal, casou!  Viveram às turras, por muitos anos, até que a Gika cansou e botou o Fernando pra correr. A vizinhança viu que era definitivo quando ele desceu a rua de mãos vazias.

Na Modista

“”O que você quer ser quando crescer?” – Modista! Ela respondia desde muito pequena. O pai insistia que ela fizesse faculdade, ao contrário da maioria que, naquela época, o que queria era ver a filha bem casada. Ela dizia – Não, pai! Eu não quero fazer faculdade, eu quero ser modista! Costureira pai, costureira!

E o que resta ao pai, senão fazer vontade de filho, ainda mais de filha única, seu xodó? Resta pagar o curso de Corte e Costura numa escola profissional, comprar a máquina mais moderna existente no mercado, assinar as melhores revistas de moldes e figurinos do país; resta mandar fazer uma placa bem bonita para colocar na frente da casa: Modista.

Dizem que fazer o que se gosta é meio caminho andado. E, pelo jeito é mesmo,pelo menos no caso dela. Talento associado à simpatia e facilidade para fazer amizade, igual a sucesso garantido! Especializada em roupas femininas, ela aprendeu a fazer tudo: blusas, vestidos, calças compridas, bermudas, shorts, blazers, casacos, vestidos para o dia-a-dia, trajes de festa, vestido de formatura, vestido de “Quinze anos”, vestidos de noiva, vestido de madrinha de casamento. E a clientela? Impressionante! Vinha uma, trazia o resto, amigas e família!

Casamento era de lei! Fazia o vestido da noiva, o enxoval da viagem, o vestido da daminha, o vestido da mãe da noiva, o vestido da irmã da noiva, o vestido da sogra da noiva, o vestido da cunhada da noiva, o vestido da vó da noiva e também o da vó do noivo, quando as havia.

Foi o que aconteceu daquela vez. Acertados os vestidos da noiva, da mãe da noiva, era hora de cuidar do vestido da vó da noiva, uma senhorinha determinada que não quis saber de ter o vestido desenhado pelo moço de sobrancelhas feitas da loja de tecidos. – Eu que sei como quero o meu vestido!

Pois muito bem. Chegou à casa da modista com a neta e se pôs a “mostrar” o modelo colocando o tecido sobre o corpo dobrando-o e desdobrando-o como se o montasse para explicar o modelo. No dia da prova, alfinetados os excessos, faltava marcar a bainha e a delicada operação de recortar o decote. Quem costura sabe que todo cuidado é pouco! Qualquer erro, lá se foi o vestido! – Vó! E o decote? Pergunta a neta falando alto.

A senhorinha começa a explicação desenhando com a mão um decote quadrado. A modista, então, lança mão da tesoura e, com perícia, dá um pique certeiro. Depois outro, e mais outro. Recorta uma pequena rebarba do tecido e sorri, orgulhosa de seu perfeccionismo. Só então ela se dá conta do olhar petrificado da senhorinha. – Mais decotado?  A senhorinha diz – Não. Eu queria assim ó! E vai desenhando um decote V sobre o colo magro. A modista diz – Mas a senhora fez assim ó!, e desenha um decote quadrado. Ela, então, se sai com essa: “Eu tava explicando exatamente do jeito que eu não queria”.

* a partir do relato da D. Léa, minha modista.

Foto: Nesta máquina de costura manual, minha bisavó (Vó de Laguna) fez o seu enxoval de casamento e o enxoval dos seus quatro filhos.  Minha Vó Chica fez seu enxoval de casamento e depois, o enxoval e as roupinhas dos seus dez filhos.  Moça, minha mãe  manteve a tradição costurando seus lindos vestidos rodados e, ao ficar noiva, o seu enxoval de casamento, assim como o meu enxoval de nascimento e os dos meus irmãos.

Anos depois, ganhou uma máquina de pedal de presente do meu pai e aposentou a velha máquina que acabou sendo vendida para uma amiga. Quando soube dessa história, eu já era mãe dos meus próprios filhos. Não sosseguei enquanto não trouxe a velha máquina de costura da minha bisavó de volta para a família.  Hoje ela está no meu escritório, há tempo não funciona mais, mas fica bem ao meu alcance, para que eu nunca esqueça de onde eu venho: uma linhagem de grandes e dedicadas mulheres.

Um Pai Que Era Uma Mãe

Seo Lourival com sua Wood

Desde criança ele demonstrava uma enorme curiosidade sobre o funcionamento das coisas, especialmente máquinas e de equipamentos. Certa vez, o pai lhe deu uma bicicleta de presente de Natal. Dada a volta experimental e antes que os irmãos reivindicassem a sua “voltinha”, ele desmontou a bicicleta para entender como ela funcionava. Levou uma surra, mas não se emendou. O mesmo aconteceu com um relógio de parede que o pai dera de presente para sua mãe. Quando a mãe foi ver, ele já estava remontando o relógio. Teria seus quinze anos, por aí. Assim era o seo Lourival Bruno, meu pai. Ainda muito jovem interessou-se por eletrônica, área que experimentava uma verdadeira revolução naquele momento, então resolveu fazer um curso por correspondência que vira anunciado numa revista. Recebia as apostilas e peças pelo correio, montava os equipamentos, à válvula, relatava os resultados, passava à lição seguinte. Diplomou-se com louvor. Tornou-se radialista, trabalhou como técnico na Rádio Guarujá, teve passagens por outras emissoras de Florianópolis, mas foi à Rádio Diário da Manhã que ele dedicou sua vida; durante muitos anos respondeu pela Direção Técnica. Destacava-se pela inteligência e uma enorme curiosidade acerca de todos os assuntos, lia muito, especialmente biografias. Nas conversas, fosse qual fosse o assunto, ele sempre vinha com informações inusitadas. Eu dizia – Lá vem o seo Lourival com um verbete! Gostava de filmes e de música instrumental que, segundo ele, era a única que reproduzia com fidedignidade a qualidade do som, algo que ele, como profissional, perseguiu a vida inteira. Possuía uma admirável habilidade manual desenvolvida pela convivência com meu avô que era marceneiro – na adolescência ajudava o pai a fazer caixão de defunto -, e, movido pela curiosidade, inventava coisas: de um aparador de grama fez um ventilador, criou uma alavanca de câmbio acoplada à direção para o Fusca já que não gostava do solução original. Também inventou um artefato para guarda-chuva para evitar o gotejamento no interior do carro que, a exemplo da alavanca do fusca, pretendia industrializar, mas não obteve sucesso. Sua habilidade com a madeira rendeu muitos móveis para a nossa casa e também uma lancha feita de compensado naval com a qual ele subia e descia o canal da Barra da Lagoa com uma tarrafa em punho. No fim de tarde lá vinha ele com meia dúzia de peixinhos que jogava na frigideira e depois se lambuzava de satisfação. Quando minha filha Maria Carolina nasceu, sua primeira neta, meu pai fez um jogo de mesinha e quatro cadeirinhas cor de rosa igualzinho ao que o meu avô fez quando nasci. Mas, o seu maior orgulho era o carro que ele mesmo fez. Sim, meu pai fez um carro, tá pensando o quê?  Eu vou contar: em 1950, aos 22 anos, meu pai pegava carona com um vizinho proprietário de uma caminhonete Station Wagon Fleetmaster Wood. Aquela caminhonete, com a carroceria de madeira, que aparecia nos filmes americanos era simplesmente o máximo. Ele disse ao vizinho: – Um dia eu vou ter uma igualzinha a esta! Em 1989, agora com 51 anos, meu pai deu início à realização do velho sonho. Apoiado numa pesquisa empreendida em revistas importadas e filmes americanos – na época não havia internet -, meu pai criou uma réplica perfeita de uma Station Wagon ano 1948 a partir do chassis do seu fusquinha 1975. A frente da Wood foi, num primeiro estágio, moldada em papel machê e, posteriormente, em fibra de vidro, técnica que ele tratou de aprender. A carroceria foi executada em madeira, angelim e compensado naval. O teto foi coberto com courvim emborrachado. Os pneus, de faixa branca e a direção antiga davam um ar requintado ao carro e foram motivo de muita pesquisa e viagens, pois são peças encontradas apenas em feiras de carros antigos. Usando as rodas de um antigo Opala, meu pai se deparou com um desafio: esconder a marca da fábrica estampada na calota. Esse acabou sendo, talvez, o maior desafio cuja solução mobilizou toda a família.  Um dia, estávamos reunidos tomando um cafezinho quando, olhando para a xícara, tive um lampejo. Peguei o pires de inox e fui para a garagem. Coloquei o pires sobre a calota e… Encaixou direitinho! Gritei: Paiêêê! Foi a festa! Desse dia em diante a Wood do seo Lourival estampou as primeiras páginas dos jornais.  Meu pai deu diversas entrevistas na televisão, participou de exposições de carros antigos pelo Estado afora e, o maior dos seus orgulhos, mereceu a abertura, em página dupla, do livro 100 Retratos Brasileiros Apaixonados por Carro, de Luiz Americano e Eurico Salis, editado pela Artes e Ofícios sob patrocínio da Ipiranga (foto acima). Junto a diversos apaixonados anônimos como ele, ilustres colecionadores como o publicitário Mauro Salles, os atores Lúcia Veríssimo, Raul Gazolla e Nelson Xavier, os músicos Juca Chaves e Pacífico Mascarenhas, o artista plástico Cláudio Tozzi, Jacqueline e também Giovanne, medalhistas do vôlei e o príncipe Dom João de Orleans e Bragança. Aos sábados saía para exibir a sua Wood pelas ruas de Florianópolis. Os outros motoristas buzinavam e acenavam em sinal de aprovação. Ele ficava todo prosa. Certa vez o acompanhei numa dessas incursões e estranhei quando os carros começaram a nos dar  passagem; quando percebi estávamos sendo seguidos em cortejo pela Beira Mar todo mundo buzinando. Aí, eu é que fiquei toda prosa. Meu pai era tudo isso e mais ainda. Era um pai presente, provedor, parceiro. Era muito rígido e severo quando éramos crianças. Dava puxão de orelha (de verdade) e nos batia de cinta quando fazíamos arte (falta da qual já foi devidamente perdoado, afinal, foi assim que ele aprendeu e assim que se usava), mas adoçou do dia para a noite quando se tornou avô. Tinha restrições alimentares por conta de um enfarte aos 36 anos, mas em conluio com os netos, vivia fazendo o que não devia. Certa vez o flagrei escondido com meus filhos se entupindo de azeitona e amendoim japonês. Dei-lhe uma bronca, ele se riu e ficou bem quietinho. À noite, minha filha que na época tinha uns cinco anos disse: – Mamãe, eu não tive culpa. O vovô é que vive me chamando: “Nina, vamos comer azeitona com o vovô?”  O porta-malas do carro dele tá sempre cheio de coisa gostosa. Fui averiguar e levei um susto, aquilo era uma verdadeira loja de inconveniências: balas de goma e amendoim japonês, em embalagens de 1 kg do tipo que se compra em lojas de 1,99, vidros e mais vidros de palmito e de azeitonas. Anos mais tarde soube que eles continuaram com a prática apesar da minha proibição. Em seu aniversário de 80 anos, meus filhos lhe deram um troféu de campeão com a inscrição MELHOR AVÔ DO MUNDO. Foi em 2008. Há tempos seu coração andava dando sinais de cansaço e estava estabelecido que precisaria fazer uma cirurgia para troca da válvula mitral. Ele disse ao médico: – Doutor, eu quero fazer 80 anos. Depois do dia 24 de março o senhor pode marcar quando quiser. Eu me interno no dia seguinte, mas antes disso se o senhor marcar eu não venho.  Fizemos uma festança reunindo os amigos e a parentagem toda. A cirurgia ficou agendada para dali a quinze dias. Antes ele visitou cada uma das pessoas de quem  gostava levando um CD com a cópia das fotos do aniversário. Estava se despedindo. Morreu dormindo exatamente um mês depois da cirurgia. Não tenho tristeza, apenas uma profunda e irremediável saudade. Agradeço a Deus o privilégio de ter nascido em sua casa. Todo Dia dos Pais eu levava um presentinho pra ele, é claro, mas também lhe dava uma flor no Dia das Mães. Eu dizia: – Uma flor para um pai que é uma mãe! Ele ficava todo prosa, o meu pai.

 

 

Feliz Ano Novo

Se não perdeste o encantamento, sois apenas um menino que teve mais tempo para brincar com a Vida. E, certamente sabeis, a Vida reserva suas mais divertidas brincadeiras para os seus parceiros mais entusiasmados.

* pequeno poema em homenagem ao seo Lourival quando do seu aniversário de 70 anos.