Sete anos depois do nascimento do João Paulo, eis que me descubro grávida de novo! Num dia de calor intenso do verãozão de 1988, chega o João Felipe para aumentar a nossa coleção de “João” (sempre que conto isso, ele acrescenta: – Criativooo!).
Diz a sabedoria popular que o caçula vem para revolucionar o que estava ordenado e o João Felipe já chegou agitando. Primeiro: só dormia no seio. Mamava um pouquinho e dormia, o safadinho!, mas bastava colocá-lo no berço para o bicho abrir o berreiro! Enquanto foi bebê, só dormia se alguém o embalasse no colo. Era um suplício para ele, coitado e para mim! Tudo o que a Nina e o João Paulo não fizeram de manha, o João Felipe fez! E, de certa forma, continua fazendo (Eu digo: – Ah, se naquela época tivesse o programa da Super Nany!). Mas é um amado, esse caçula!
O JF como o chamamos, é extremamente carinhoso, beijoqueiro e cafunezeiro (freqüentemente acontece: eu entretida, escrevendo ou fazendo qualquer outra coisa e ele me interrompe, se joga no meu colo pedindo cafuné ou então, o que é pior, vem me fazendo cafuné! Aí a coisa piora, pois bate a moleza e cadê disposição pra continuar a tarefa?).
Aos seis meses e meio falou “Vovó!”. Aos três anos tinha um vocabulário extenso para sua idade e, quando alguém lhe fazia uma pergunta cuja resposta era afirmativa, ele dizia: – É óbvio! Com a testinha franzida e um ar de incredulidade, como se devêssemos saber a resposta de antemão. Imagine a cena: um toco de gente, recém saído das fraldas dizendo “é óbvio!”.
A verdade é que o João Felipe é um artista! E já demonstrava isso em suas escolhas, desde pequeno. No Natal, aniversário, Dia das Crianças a gente perguntava: – Filho, o que queres de presente de Natal? A resposta: – Lego! Ele dizia, os olhinhos muito pretos brilhando! Chegavam a Vó e o Vô, as tias e os padrinhos: – João Felipe, o que queres no teu aniversário? Virou piada. As pessoas perguntavam já sabendo a resposta. Daqueles módulos saíram maravilhas, especialmente naves espaciais. O irmão o chamava para jogar bola, mas o negócio do JF sempre foi brincar sozinho com aqueles retângulos coloridos. Quando largava o Lego, podia contar, o JF estava desenhando.
Deitado ao seu lado lá estava o Negrito, o Cocker Spaniel negro “como a asa da graúna”, que ele ganhou ao fazer três anos. Quando o Negrito morreu (viveu 15 anos), o João Felipe me confidenciou que ele sempre foi o seu “melhor amigo”. A verdade é que o Negrito foi mesmo especial para a família toda.
Pois de tanto brincar de Lego, o JF resolveu estudar Design, mas a vida dele é a música. O João Felipe simplesmente não vive sem música, desde que acorda até a hora de dormir, passa a noite fazendo pesquisa e acabou construindo um respeitável conhecimento sobre o assunto; sabe quase tudo de música (isso porque é jovem. Daqui a alguns anos, com um pouco mais de estrada, ele vai ficar muito bom na parada!) E já adiantou: – Quero fazer isso pro resto da minha vida! É bem a cara dele!
Meu caçula é meu companheiro e levamos altos papos. Temos muitos interesses em comum entre eles a Arte e a Música, através dele conheci e me apaixonei pelo Design e o Graffiti. Às vezes nos estranhamos. Mas, em seguida trocamos “de Bem” porque nos amamos muito.
Feliz Dia das Crianças, filho!